sexta-feira, 7 de maio de 2010

25 de Abril. E agora?

“Ai Portugal, Portugal
Do que é que estás à espera?
Tens um pé numa galera
E outro no fundo do mar. ” 
                                                    
(Jorge Palma)



Portugal, os portugueses, somos assim: só reagimos pela acção – o resto do tempo é inacção, queixume e maledicência – quando estamos à beira do abismo, a ficar submersos. Foi assim em 1385, em 1640, em 1910, em 1974. E agora?
O 25 de Abril fez-se – teve de fazer-se! – pelas Liberdades, pela Paz (fim da guerra colonial), pela Democracia, pelo Desenvolvimento e pela Justiça Social.

 Nestes 36 anos cumpriram-se alguns dos objectivos essenciais de Abril, outros não.

Fez-se a descolonização, restaurou-se a democracia, vivemos em liberdade – que bem precioso, melhor apreciado por quem ainda viveu na “noite escura”, sofreu a opressão, a censura, a repressão e o exílio.
A democracia e as inerentes liberdades – por mais imperfeitas que sejam! – Constituem a pedra angular de todas as transformações culturais, sociais e económicas ocorridas nestes 36 anos do regime de Abril.

Como a democracia e as liberdades – sempre em construção – serão a pedra angular das mudanças que faremos – temos, urgentemente, de fazer – nos partidos, no sistema politico, na educação e na organização administrativa e territorial do Estado para construir um país moderno, justo, produtivo, solidário e republicano (dizem que a República vai fazer 100 anos, que vamos comemorar o Centenário. Equivoco. Quando muito a república faz 52 (= 100 – 48 anos!).
Não se cumpriram os objectivos de justiça social, de desenvolvimento produtivo, de redução das desigualdades e da pobreza, de um sistema educativo de acesso universal e qualificado, da descentralização e da regionalização, desígnios da Constituição de Abril.
Vivemos em democracia, é certo, mas falta saúde à nossa democracia para gerar progresso e justiça social. Os pilares da democracia, os Partidos, estão velhos, arcaicos, dominados pelos pequenos e grandes interesses, desligados da sociedade e da cidadania, reduzidos aos seus dirigentes, eleitos estes por minorias em “circuito fechado”.
É aqui que radicam os males do país.
Temos de “mudar o que faz mudar”, os Partidos, o sistema político.
Há um novo 25 de Abril, uma revolução democrática – mas revolução! – a fazer pelos portugueses. Seja em Abril, Maio ou num mês qualquer.
António Fonseca Ferreira